Cálculo mental é a capacidade de efetuar contas “de cabeça”, sem a utilização de lápis, caneta, papel ou outras ferramentas para resolvê-las. Algumas pessoas têm um pouco mais de facilidade que outras nessa habilidade, mas todos podem desenvolvê-la e treiná-la.
A própria Base Nacional Comum Curricular (BNCC) incentiva o uso dessa técnica. “No tocante aos cálculos, espera-se que os alunos desenvolvam diferentes estratégias para a obtenção dos resultados, sobretudo por estimativa e cálculo mental, além de algoritmos e uso de calculadoras”, diz o documento.
Segundo o professor Borges, que dá aulas de matemática no Curso Anglo, exercitar essa habilidade é fundamental para o desenvolvimento cognitivo, principalmente durante a infância e a adolescência. “O cálculo mental trabalha o raciocínio lógico, aumenta o poder de concentração e auxilia na aprendizagem de outros tópicos da matemática“, afirma.
A seguir, vamos explorar o conceito de cálculo mental e a importância de desenvolver essa competência, além de trazer estratégias de cálculo e exemplos práticos.
O que é cálculo mental?
Cálculo mental é a habilidade de realizar operações matemáticas (como adição, subtração, multiplicação e divisão) sem o auxílio de lápis, papel, calculadora ou outros recursos externos, utilizando apenas o raciocínio e a lógica.
Essas operações mentais envolvem diferentes estratégias cognitivas, como decomposição de números, arredondamentos, uso de propriedades matemáticas e aplicação de atalhos lógicos para chegar ao resultado correto.
O professor Borges comenta que, anteriormente, quando as pessoas usavam mais dinheiro em papel (cédulas) como meio de pagamento, isso as estimulava a fazer mais cálculos mentais, seja para dar o troco correto ou conferi-lo. “Atualmente, ninguém mais faz isso, pois tudo é pago por meio de pix, cartão, pic pay etc. A modernidade trouxe facilidades que geraram dificuldades em outros aspectos.”
Desta forma, quem realmente deseja desenvolver essa técnica precisa ter um pouco mais de força de vontade para aprendê-la. “Mas ela não é tão difícil assim, basta começar com cálculos mais simples, sem se exigir demais no quesito tempo, mas sendo bem exigente em relação aos acertos”, sugere. “O cálculo mental é puro treino — quanto mais se pratica, mais se aprende e se desenvolve velocidade”.
Quais as vantagens de usar cálculo mental?
O professor Borges explica que o nosso cérebro, quando nascemos, é como uma caixa lacrada cheia de “portinhas” fechadas, e tudo o que aprendemos ao longo da vida, como falar, andar, nos vestirmos sozinhos, usar talheres etc, vai abrindo essas portinhas – o que é chamado de aprendizado.
“Isso se estende para outras áreas do conhecimento mais profundas, como ler, escrever, praticar esportes, falar uma língua estrangeira, tocar um instrumento musical e por aí vai. O cálculo matemático faz parte disso, ou seja, conseguir fazer cálculos mentais, mesmo aqueles não tão complexos, favorece a abertura dessas “portinhas”, o que significa que permite aprendizado”, ressalta.
Entre os benefícios do cálculo mental estão:
- Agilidade de raciocínio: treina o cérebro para pensar de forma rápida e eficiente. Essa rapidez nos cálculos é útil não apenas em provas ou exercícios de matemática, mas também em situações do dia a dia, como calcular o troco de uma compra ou um desconto, fazer uma receita e planejar ou controlar gastos.
- Melhor compreensão da matemática: entendimento mais amplo do valor e das propriedades dos números, explorando diferentes caminhos para chegar a uma resposta e abandonando a chamada “decoreba”.
- Aumento da confiança e da autonomia: resolver cálculos de cabeça faz com que os estudantes percebam sua própria capacidade e confiem em suas estratégias. Isso melhora a autoconfiança, estimula o protagonismo e dá mais segurança frente aos desafios acadêmicos.
- Desenvolvimento da memória e concentração: o cálculo mental exige atenção e foco e impacta positivamente outras áreas do aprendizado, como a resolução de problemas.
Cálculo mental em provas e vestibulares
Outra vantagem de usar cálculo mental é poder utilizá-lo em provas e vestibulares, já que a maioria dos exames não permite o uso de calculadoras. “Resolver contas mentalmente, principalmente as mais simples, pode ajudar nas questões das provas de exatas ao economizar tempo para exercícios mais demorados”, aponta o professor Borges. “Quando o candidato ou candidata faz um cálculo de maneira ágil e logo visualiza o resultado entre as alternativas, isso também traz mais segurança”, completa.
Principais estratégias de cálculo mental
De acordo com o professor Borges, para os estudantes, há muitas oportunidades para essa prática, pois cada exercício de exatas é uma forma de treino. “No ensino fundamental, quando aprendemos produtos notáveis, temos aí uma ótima ferramenta que pode ser utilizada para fazer cálculos mentais.”
Ele diz que o famoso produto notável [a2 – b2 = (a + b) (a – b)] permite a resolução rápida de, por exemplo, 3,3 x 0,27, pois essa conta pode ser transformada em 33 x 27 (depois ajustando as casas decimais). Isso é o mesmo que (30 + 3) ( 30 – 3) = 30^2 – 3^2 = 900 – 9 = 891. Ao considerar o total de 3 casas decimais da multiplicação, temos o resultado 0,891.
Ele cita também outras estratégias:
- Calcular 25% de algo é o mesmo que dividi-lo por 4 que, por sua vez, é o mesmo que dividir por 2. Ou seja, 25% de 12,8 é 12,8 dividido por 4, que dá 3,2.
- Calcular 50% de 3,54 é a metade de 3,54, que é 1,5 (metade de 3) somado com 0,27 (metade de 0,54), totalizando 1,77.
- Calcular 5,3 ao quadrado é o mesmo que calcular (5 + 0,3) ao quadrado que, ao aplicar outro produto notável “manjado”, se obtém 5^2 + 250,3 + 0,3^2, totalizando 28,09 (“esse já é um cálculo um pouquinho mais avançado, mas bem possível para quem quer aprender”, destaca o professor).
Confira mais alguns exemplos práticos:
- Decomposição de números: calcular separadamente as unidades, dezenas e centenas e depois somar os resultados parciais. Exemplo: 456 + 231 (400 + 50 + 6 + 200 + 30 + 1) = (600 + 80 + 7) = 687.
- Arredondamentos e ajustes: completa-se uma parcela, aproximando de um número “redondo”, e desconta-se o complemento no resultado. Exemplo: 397 – 50 → 400 – 50 → 350 – 3 (subtrai-se os 3 que foram acrescentados) = 347.
- Dobro e metade: uso da relação entre dobro e metade para facilitar multiplicações ou divisões. Exemplo: 25 × 16 → metade de 16 é 8 → 25 × 8 = 200 → dobro = 400.
“O cálculo mental pode ser aprendido e desenvolvido por qualquer pessoa, e os resultados costumam ser surpreendentemente rápidos para quem se empenha! Essa habilidade é útil não só para o vestibular, mas para a vida cotidiana, transmitindo autoconfiança para quem a pratica, favorecendo a abertura de “portas cerebrais” poucos exploradas e facilitando novas aprendizagens”, finaliza o professor Borges.
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