Especialista explica a linha do tempo e a correta integração da matéria nas instituições de ensino

Um estudo da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP) demonstrou que, em 2007, a educação financeira no Brasil se encontrava em estágio de desenvolvimento inferior aos Estados Unidos e ao Reino Unido. Apenas as grades de ensino de alguns estados brasileiros tornavam a matéria obrigatória, enquanto em outros países existia até mesmo a criação de um fundo para estimular a cultura de poupança.

Desde aquela época, muitas medidas foram tomadas pelo governo para ampliar o acesso a esses conhecimentos na educação básica. Mas qual o papel das escolas nesse processo? Por que essa disciplina é tão importante? Thiago Dutra, autor do Sistema Anglo de Ensino, explica alguns dos motivos e formas de implementar a matéria na grade curricular.

Por que incluir a Educação Financeira na formação dos estudantes?

“A Educação Financeira mobiliza saberes de diversas áreas do conhecimento, como Matemática, Economia, Estatística, Sociologia, Antropologia, Psicologia e Ética”, afirma o professor. “Segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), para que isso possa ser bem explorado, o estudo da educação financeira deve ser iniciado na escola, estando presente no currículo formal desde os anos iniciais”.

De acordo com o especialista, desde que o Brasil passou a participar da OCDE como país ouvinte, começou a seguir suas orientações e promulgar diversas ações para implementação da Educação Financeira no currículo escolar brasileiro:

  • Estratégia Nacional da Educação Financeira (ENEF): Criada em 2010 para promover a autonomia e a tomada consciente de decisões financeiras. Nas escolas, o principal objetivo é orientar crianças e adolescentes em relação ao uso consciente do dinheiro, sob a premissa de que indivíduos educados financeiramente contribuem para uma sociedade mais responsável e sustentável.
  • Mapa da Educação Financeira no Brasil: Levantamento das iniciativas de educação financeira realizadas nas diversas regiões do país.
  • Programa de Educação Financeira: Aplicado tanto para o Ensino Fundamental quanto para o Ensino Médio.
  • Educação Financeira na BNCC: Inclusão da disciplina em todas as etapas da Educação Básica, perpassando por todas as áreas de conhecimento: Linguagens, Ciências Humanas, Ciências da Natureza e Matemática. Dada a relevância da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) na elaboração de diretrizes, a Educação Financeira passou a ter papel de destaque na Educação Básica.

Como integrar a educação financeira ao currículo das escolas?

O professor Thiago diz que a BNCC torna a educação financeira presente em todas as áreas do conhecimento. “Por exemplo, uma das habilidades relacionadas a ela em Língua Portuguesa descreve que os estudantes aprendam a ler corretamente boletos, faturas e carnês; em Ciências da Natureza, são descritas habilidades relacionadas ao cálculo do consumo de energia elétrica e seu impacto no orçamento; em Matemática, habilidades voltadas ao uso de planilhas para o controle do orçamento familiar”.

Dessa forma, ele afirma que é possível aproveitar esse caráter integrador da educação financeira para promover atividades entre as disciplinas e até mesmo os segmentos (projetos interdisciplinares, atividades multisseriadas, entre outros), além de espaços em todas as matérias para discutir o assunto, e não somente em uma aula específica para isso.

Com isso em mente, as escolas, ao ensinarem os princípios essenciais dessa área do conhecimento, formam jovens conscientes para o futuro. Afinal, a educação financeira traz habilidades como pensamento crítico e tomada de decisões, preparando os estudantes para fazerem escolhas responsáveis e sustentáveis ao longo da vida.