Até em aulas de Exatas, como Matemática, os alunos podem trabalhar a comunicação e a argumentação

Na escola, além de aprenderem conteúdos didáticos essenciais para a vida acadêmica e os vestibulares, os estudantes desenvolvem habilidades cruciais para a vida, como a argumentação. E não é preciso estar em uma aula de Português para desenvolver essa competência — isso pode ser feito até nas disciplinas de Exatas.

“Uma receita clássica para desenvolver a argumentação nas aulas de Matemática é por meio de atividades que incluem o comando ‘justifique sua resposta’. Mas apenas inserir essa questão pode fazer com que a atividade fique ‘solta’ e, assim, o objetivo de aprimorar a argumentação não será atingido”, afirma Thiago Dutra, autor do Sistema Anglo de Ensino.

Pensando nisso, é importante que os professores desenvolvam atividades em que os estudantes precisem fazer uma escolha relacionada a um problema e, em seguida, explicar o porquê.

Argumentando “a favor” ou “contra”

Para ilustrar esse ponto, Dutra explicou uma estratégia que usa em sala: “Nas aulas de Educação Financeira (uma das novas disciplinas criadas com o advento do Novo Ensino Médio), no módulo sobre Tributos e Impostos, propus o questionamento: ‘Se vocês tivessem o poder de decisão sobre a criação de um novo imposto que permitisse taxar grandes fortunas, vocês seriam a favor ou contra essa criação?’”.

Note que não era uma mera votação do tipo “sim” ou “não”, mas o que realmente contava era o argumento utilizado a favor ou contra a criação. Depois que eles responderam, o professor deu um desafio maior: que os que fossem a favor da criação do imposto tentassem convencer os que são contra e vice-versa.

Engajamento dos estudantes

Esse tipo de dinâmica – trazida como uma das metodologias ativas chamada instrução aos pares [do inglês ‘peer instruction’] – é interessante porque desenvolve a capacidade de argumentação e promove uma postura engajada por parte de cada estudante.

“Os alunos percebem que, para convencer alguém, deverão identificar alguma falha no encadeamento lógico da outra pessoa e mostrar que, no seu argumento, não há esse tipo de falha”, diz Thiago Dutra. Assim, há uma consolidação dos conhecimentos vistos em sala, agora aprofundados pelo próprio estudante.