É preciso dominar o vocabulário e a sintaxe empregados no texto e dispor de um bom repertório para aprender e compreender o seu sentido

Para que se possa apreender o sentido de um texto, é preciso que se entenda a intenção do autor ao escrevê-lo, expressa, entre outros elementos, nas palavras usadas e na articulação das ideias. Eloy Souza, professor de Língua Portuguesa do Sistema Anglo de Ensino, explica como dividir essa tarefa em dois processos, que ocorrem simultaneamente durante o ato de leitura: apreensão e compreensão de sentido.

Apreensão de sentido

Eloy diz que o desconhecimento de uma palavra importante num determinado texto pode comprometer seu entendimento. Além disso, também é preciso entender os sentidos decorrentes da estruturação sintática que foi empregada. “Quem já leu textos com períodos longos, com o emprego de ordem indireta, com muitas interpolações e elipses, por exemplo, sabe o quanto um torneio sintático mais elaborado pode ser uma barreira para o seu entendimento. Ou seja, a apreensão de sentido implica no domínio do vocabulário e da sintaxe utilizada no texto.”

Para atender essas demandas, a solução é: dicionário. Eloy ensina como potencializar uma simples consulta a uma palavra, elaborando listas com sinônimos, antônimos e parônimos do termo, além de estudar com afinco a análise sintática. A leitura constante de textos variados que apresentam uma elaboração sintática maior traz, com o tempo, uma habilidade que em geral é suficiente para se resolver questões de interpretação que caem nos vestibulares.

Compreensão de sentido

A compreensão exige do leitor um conjunto de conhecimentos que não estão explicitados no texto, como contexto cultural, político ou social. Quando se escreve textos para crianças pequenas, por exemplo, não se pode exigir conhecimentos prévios incompatíveis com a idade.

Mas e no caso de um jovem vestibulando? Que informações se espera que ele possua? “Primeiro, as advindas de uma boa formação escolar que lhe permitirá entender, por exemplo, uma notícia sobre os conflitos no Oriente Médio (história/geografia) ou sobre os dilemas das pesquisas com células-tronco (biologia/ética)”, responde o professor. No entanto, as questões de vestibular cada vez mais exigem um comprometimento que ultrapassa os limites da escola. “O que se quer é uma formação que também se faz pelo consumo de livros, filmes, seriados, programas televisivos variados, teatro, exposições e outras atividades culturais que trazem informações e reflexões.”

Boas leituras, bons textos

A melhor estratégia, portanto, é a criação do hábito de leitura diária de bons textos. E, quanto mais tempo houver entre o início efetivo dessa atividade e a data da prova, maiores serão os benefícios obtidos.

Por bons textos entende-se aqueles que trazem informações precisas, variadas, não óbvias e confiáveis, de fonte identificável e segura. “Em tempos de tanta informação falsa ou distorcida, de pontos de vista descolados da realidade e que se prestam à manipulação, é importante selecionar o que se lê. Além disso, seria ideal que esses textos trouxessem algum requinte vocabular e sintático, para também desenvolverem a capacidade de apreensão”, encerra Eloy.