O propósito desse momento deve ser o de se desconectar do trabalho, recuperar energia e cuidar da saúde física e mental

A realidade dos professores pode ser absolutamente extenuante a depender da carga horária e da sobreposição de atividades a serem desempenhadas. Mas, de forma geral, a rotina na docência demanda muita energia e vitalidade, especialmente para a aplicação de atividades e a tomadas de decisões relativas ao desenvolvimento dos estudantes e ao compromisso de educar.

Gisele Cova, autora do Sistema Anglo de Ensino, menciona que o professor também acaba assumindo tarefas não tão nobres em sua rotina, como preencher planilhas e preparar documentos que, por tantas vezes, não são de fato norteadores para seu trabalho. “Portanto, fica mais do que evidente a necessidade de se refugiar e restabelecer conexões consigo mesmo, com o outro e com seu propósito profissional. Não há cérebro e corpo que resistam caso não haja o momento da desaceleração”, explica.

O propósito desse momento de férias deve ser o de se desconectar do trabalho, desligar o cérebro dos compromissos profissionais e descansar a mente e o corpo. Em outras palavras, buscar bem-estar e saúde física e mental. “O período de férias abre a possibilidade de oferecer espaços de reestruturação do modo de vida. Por isso, é válido considera novos hábitos que trazem vitalidade e que podem ser incorporados à rotina e contribuir para o equilíbrio do professor ao longo do ano”, salienta Gisele.

Quando o professor está descansado e consideravelmente satisfeito em relação às suas atividades pessoais e profissionais, isso acaba impactando também a qualidade do processo de ensino e aprendizagem. Logo, é importante que os educadores busquem estratégias para garantir o seu equilíbrio emocional.

Dicas para priorizar o descanso e a saúde mental

É muito comum que, durante as férias, aumente o uso de telas e de redes sociais. Porém, não se deve permitir que esse hábito adie atividades que promovam o bem-estar, como a prática de esportes e o contato com a natureza. “O melhor caminho para se perceber é refletir sobre aquilo que é importante para si, sobre o que atua como distração ou alienação e cuidar das escolhas que são feitas ao longo do dia”, destaca Gisele.

Ela considera ainda que o descanso que deve ser considerado para o período de férias é aquele do trabalho formal e de obrigações relacionadas a ele. Mesmo porque, a prática de atividades de lazer requer uma carga alta de energia, causando um cansaço que, neste caso, proporciona diversos benefícios.

Gisele indica que o primeiro passo para encontrar a melhor estratégia de autocuidado é buscar compreender o que é importante para si. A partir dessa conscientização, cabe investir no caminho para obter aquilo que é necessário e que traga equilíbrio. As estratégias podem passar por uma miríade de opções. Algumas possibilidades de atividades que ela recomenda são praticar algum esporte, ler livros de interesse pessoal ou HQs, ver filmes, séries e peças de teatro, dedicar-se à  culinária, visitar museus e parques, percorrer trilhas, viajar, estudar alguma língua, tocar um instrumento musical, dançar e aproximar-se da família e de amigos.

Foco na saúde física e mental durante as férias

A professora acrescenta que o descanso é fundamental para o desenvolvimento e manutenção da saúde física e mental. “A sala de aula é um espaço absolutamente rico de oportunidades de desenvolvimento. Por isso mesmo, é fundamental que haja atenção, por parte do professor, em muitos aspectos distintos e simultâneos, e tanta atenção em frentes distintas ocupa diversas áreas do cérebro de modo simultâneo. A mente que não descansa se esgota”.

Assim, esse momento de férias carrega a possibilidade de uma reparação de danos mais profundos e de aquisição de novas atividades prazerosas. “É fundamental estimular outras áreas do cérebro e dar tempo para o estabelecimento da aprendizagem e da memória. É importante retomar: não se deve entender férias como ausência de atividade. Tratam-se, na verdade, de outras práticas, que se relacionam com a saúde do indivíduo”, conclui a autora.