Nesse formato, os estudantes podem se concentrar, no presencial, nos domínios mais complexos, como aplicar, analisar, avaliar e criar

Na estrutura de ensino mais tradicional, os estudantes são expostos ao conteúdo na sala de aula e, em casa, devem realizar os exercícios e atividades criativas, conferindo e aprofundando o conhecimento. Para muitos jovens, surge então um problema: as aulas expositivas são vistas como cansativas e, ao deixar a escola, não se sentem motivados para fazer as tarefas.

Essa desconexão com o formato escolar prejudica em excesso a aprendizagem, tornando o estudo inefetivo e distante, enxergado como obrigação. Com esse cenário em mente, alguns educadores já consideram a sala de aula invertida – em que as dinâmicas designadas para cada ambiente se alteram.

Como funciona a sala de aula invertida

Conforme o nome já indica, há uma inversão de funções. Os conteúdos teóricos são vistos em casa pelos estudantes, por meio de materiais diversos, dependentes ou não da tecnologia, como videoaulas, livros, textos, artigos, etc. Na escola, o espaço é para o esclarecimento de dúvidas e realização de exercícios.

“Inverter a sala de aula é inverter a taxonomia de Bloom, deixando para antes e depois da aula, os domínios mais básicos: recordar e compreender; e deixando para durante a aula, os domínios mais complexos: aplicar, analisar, avaliar e criar”, explica Fábio Aviles, autor do Itinerário Formativo de Química do Sistema Anglo de Ensino.

5 vantagens da sala de aula invertida

Ao considerar a inversão dos papéis da sala de aula e do estudo em casa, o educador deve ter em mente os benefícios gerados. Confira os principais pontos positivos:

1- Resolver o “problema” da lição de casa, já que os exercícios são feitos na escola.

2- Elevar o domínio de aprendizagem, com atividades que impulsionam o conhecimento.

3- Dedicar o tempo presencial ao que faz mais sentido.

4- Permitir que mais atividades criativas aconteçam.

5- Desenvolver mais autonomia nos estudantes.

Cuidados importantes

Para o bom funcionamento da sala invertida, o planejamento é essencial, incluindo o antes, o durante e o depois da aula. A gestão do tempo deve ser sempre levada em consideração, evitando que os estudantes sejam sobrecarregados.

Além disso, é necessário haver interação e um acompanhamento preciso do conteúdo postado. “Não adianta só esperar que indicados os conteúdos, todos os estudantes irão acessar. Exatamente como na sala de aula tradicional – nem todo mundo está conectado”, comenta Aviles.

A chave para essa mudança ser efetiva é o engajamento da turma e dos próprios professores. “Eles (os estudantes) reclamam da escola atual, mas ter um papel ativo na aprendizagem pode gerar resistência. É importante ter resiliência e flexibilidade e não desistir de algo que se acredita ser melhor para seus alunos”, finaliza o autor.