Comparar irmãos danifica a relação da família como um todo e, ainda, oprime a individualidade das crianças

Na infância, passamos grande parte do tempo cercados pela família e parentes mais próximos. Os irmãos ocupam um papel importante na formação dos indivíduos que, em muitos casos, ganham uma companhia garantida para brincadeiras e a vida cotidiana.

Nesse contexto, muitos pais, mesmo que sem uma intenção negativa, comparam as habilidades e gostos dos filhos. Por mais que pensem que essa ação é simples e não causa danos às crianças, os irmãos podem guardar rancor um do outro, ou suprimir a própria individualidade tentando copiar aquele que está sendo exaltado pela família.

Quais os efeitos da comparação entre irmãos para as famílias?

“As relações familiares e dos irmãos entre si são pautadas em afetos, sendo assim, as comparações entre irmãos podem provocar sentimentos de menos valia ou insegurança em relação ao amor da família, o que é muito prejudicial”, explica Bárbara Souza, coordenadora do Serviço de Atendimento Psicológico do Curso Anglo.

Essa situação pode acontecer tanto com irmãos de idades próximas e que convivem muito, quanto com irmãos que apresentam maior diferença de faixa etária. Os assuntos também podem variar desde o desempenho escolar até a vida pessoal.

Na maioria dos casos, comentários ‘inofensivos’ como “quando o seu irmão tinha a sua idade…” ou “mas o seu irmão faz isso tão bem” impactam negativamente a criança. O rancor e tensão podem ser internalizados, ou direcionados ao parente, seja ele um dos pais ou o irmão, que passa a ser visto como rival.

As consequências para os filhos

“Essa comparação pode alimentar naquele que ‘deixou a desejar’ a tentativa de ser como o irmão que atende às expectativas. Diminuindo as suas singularidades para corresponder ao padrão valorizado ou vivenciando situações de autoabandono e negligência, visto que o seu jeito de ser não é sentido como ‘bom o suficiente’”, descreve a psicóloga. Em síntese, comparar os irmãos atrapalha a harmonia familiar e, para a criança que se sentiu “diminuída”, pode gerar uma grande insegurança ou desinteresse pelos próprios gostos. Cabe aos pais controlar os seus comentários, sempre incentivando os filhos a abraçarem uma jornada de autoconhecimento, explorando as áreas que já gostam e descobrindo novas.