Especialista apresenta dicas de como conciliar os estudos para o vestibular com a leitura das obras obrigatórias

A pesquisa “Retratos da Leitura no Brasil” mostrou que, em 2019, apenas 67% dos adolescentes entre 14 e 17 anos tinham lido algum livro nos últimos três meses. Isso significa que 33% dos jovens em idade de Ensino Médio e pré-vestibular não apresentam hábitos de leitura. Sendo assim, como mudar a rotina para ler as obras cobradas pelas provas?

A construção do hábito

As estratégias para ler as obras do vestibular são parecidas com os métodos utilizados para criar um hábito de leitura. Assim, ao final do processo, o aluno terá lido todas as obras necessárias e ainda poderá aproveitar a rotina construída para ler outros livros. Maurício Soares, autor de material didático do Sistema Anglo, dá algumas dicas:

  • Defina um período de leitura: reservar meia hora do dia para se dedicar exclusivamente à leitura de ficção pode ser suficiente.
  • Aproveite as atividades do dia: ler no transporte público ou no banheiro é uma boa técnica para criar a rotina.
  • Teste o método quinta série”: divida o número de páginas do livro pelos dias disponíveis para estudo, criando assim um programa de leitura de nº pág/dia.
  • Faça pequenos acordos consigo mesmo: “preciso ler pelo menos 10 páginas antes de sair”, “preciso ler mais cinco páginas antes de dormir”, “preciso dar conta de três ou quatro páginas aqui no transporte público”.
  • Dê uma chance ao autor: a leitura é um diálogo do leitor com o livro, por isso, assim que essa conversa é iniciada, o universo fictício passa a ser parte do cotidiano.

Maurício ressalta a importância de um hábito de leitura. “O estudante que está acostumado com os livros terá muito mais facilidade no processo seletivo para entrada nas grandes universidades. Além disso, o hábito de leitura será absolutamente útil durante o processo de graduação, pós-graduação e na vida profissional”.

A experiência de leitura das obras do vestibular

O professor acredita que os livros obrigatórios dos concursos devem ser lidos da mesma forma que um livro comum. “É incorreta a ideia de que essas obras precisam ser o tempo todo grifadas, compreendidas e analisadas”. Maurício afirma que não se deve divulgar o pensamento de que o aluno precisa ter uma postura de seriedade frente ao livro, visto que ela pode ser nociva, justamente, para o cultivo do prazer e do hábito.

Além disso, o especialista reitera o valor de ler a obra na íntegra, em vez de resumos da internet, já que o processo de leitura envolve as sensações do leitor, as percepções das personagens e o contexto do autor. “É só a leitura na íntegra que vai possibilitar essa experiência, dando ao aluno muito mais chance de, também, lidar com as perguntas feitas, que são cada vez mais de análise, de comparação de dados e de diálogo com outros conhecimentos de outras áreas”, diz ele.

Não deu tempo. E agora?

Se, mesmo com todas essas dicas, não for possível ler todas as obras do vestibular por completo, ainda há o que fazer. Maurício aponta as medidas que podem ser tomadas para melhorar o desempenho no processo seletivo:

  1. Priorizar os romances: as histórias que apresentam linearidade devem ser lidas primeiro, pois há a necessidade de saber a história completa e passar pela experiência do desenvolvimento das personagens.
  2. Familiarizar-se com a obra: para os demais livros, é importante que o aluno esteja minimamente familiarizado com a escrita daquele autor. Ou seja, ler pelo menos um conto do livro de contos e alguns poemas do livro de poemas.
  3. Estudar o autor: utilizar bancos de teses de universidades pode ser interessante para encontrar artigos acadêmicos a respeito dos escritores e do contexto em que a obra foi escrita, contribuindo para resolver algumas questões na prova.