*Artigo de Rene Araujo, professor do Sistema Anglo de Ensino

O mundo do trabalho passou por inúmeras transformações que se intensificaram nas últimas décadas, decorrentes principalmente do processo de reestruturação produtiva do capital, responsável pela passagem do Fordismo para o Toyotismo, a partir da década de 1970. Nesse contexto, o capitalismo viu a necessidade de se reorganizar, modificando a forma como produzia, com o intuito de ampliar a produtividade e, consequentemente, a possibilidade de lucros.

Observa-se que os avanços tecnológicos da época permitiram o desenvolvimento e a implantação de todo um processo de automação e robotização no setor industrial. Se por um lado foi possível potencializar o crescimento, devido à alta eficiência e produtividade tecnológica, e diversificar a produção graças à flexibilidade típica do próprio Toyotismo; por outro, observamos uma rápida substituição do trabalhador humano por máquinas, provocando desemprego estrutural e alterando as relações de trabalho nas mais diferentes atividades econômicas.

Desta forma, ao mesmo tempo que se buscou a redução dos custos de produção, foi possível observar o aumento de um mercado de trabalho cada vez mais precário, visto que a redução dos postos de trabalho tem colocado os trabalhadores em condições de competitividade e precarização mais intensas.

O mundo do trabalho contemporâneo vem apresentando um número crescente de trabalhadores terceirizados ou em trabalhos informais. Vale lembrar que o Brasil aprovou, recentemente, a Lei 13429/2017 que, dentre outros aspectos, amplia a possibilidade de terceirização para atividades-fim de uma empresa ou estabelecimento. Além disso, inúmeros estudos têm apontado que esses trabalhadores terceirizados estão mais expostos a jornadas maiores e salários menores.

Outro ponto que chama atenção é a quantidade de trabalhadores informais no mercado brasileiro. Segundo dados da PNAD Contínua do IBGE, no segundo trimestre de 2022, 40% dos trabalhadores brasileiros se encontravam no mercado informal. Ou seja, trabalhadores que não contam com direitos trabalhistas como férias, Seguro-Desemprego, FGTS ou qualquer outra proteção social garantida pela CLT. Ou seja, milhões de trabalhadores que se encontram vulneráveis e mediante as mais precárias condições de trabalho – o que ficou ainda mais evidente durante a pandemia da Covid-19.

A precarização das condições de trabalho vem ocorrendo em diferentes países, expressando uma característica da dinâmica do capitalismo contemporâneo, porém, os trabalhadores dos países subdesenvolvidos se deparam com um cenário ainda mais problemático, decorrente de fatores como o alto índice de desigualdade social, de desemprego e de baixa escolaridade e qualificação profissional.

Diante disso, a perda de direitos trabalhistas, através de discursos e políticas que prometem modernizar e flexibilizar as relações de trabalho, tem caracterizado o mundo do trabalho desde o avanço do neoliberalismo. Assim, percebe-se as contradições que marcam o mundo do trabalho contemporâneo e o modo como os trabalhadores são impactados diante de um cenário intensamente dinâmico e complexo.